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‘Apuí, a Lenda do Amor’
“Conta-se que em tempos distantes, bem no começo da formação das tribos Apurinã e Tikunã, apenas separados pelas margens do rio Javari. Tupã mandou duas estrelas de presente, uma para cada tribo. Na tribo dos Apurinã nasceu à estrela índia Anair, filha do grande guerreiro Ierê. A índia Anair era tão bela como a flor do ipê e seus cabelos perfumados tinham o cheiro do caju, seu corpo elegante e olhar negro, seu andar tinha a leveza das garças da margem do rio Javari, e todo meiguice do beija-flor, que tem em suas plumas a cor do arco-íris. Na tribo dos Tikunãs nasceu o índio Tunacã, guerreiro forte, valente e famoso pelas suas batalhas. Anair e Tucanã se apaixonaram e se encontravam, sem o consentimento das suas tribos, pois não era permitido o casamento com tribos diferentes. Infelizmente o destino os separou e sobre a luz do luar, na calada da noite, eles se abraçaram na angústia da separação. Os grandes deuses e as ninfas dos rios tiveram pena dos jovens e naquele momento trovões e relâmpagos cruzaram o espaço, Anair e Tunacã saíram levados pela correnteza do rio. A felicidade entrou no coração dos jovens que nada viam e sentiam, pois, o seu amor a tudo superava. Tupã fez com que seus corpos fossem levados para o tronco de uma grande árvore e ali permanecessem em sono profundo, abraçados. Seus braços e corações entrelaçados permaneceram assim até as suas almas chegarem aos pés de Tupã e ele ordenou que seus corpos fossem transformados em cipó e que entrelaçassem o troco da árvore e dela sugassem a seiva para o seu sustento como vegetal, e que subisse ao galho mais alto e lá florissem e quem de suas flores e folhas provasse ficaria cheio de encanto e embriagado de amor.”
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